3.2 Raquel Macedo, adolescência

Na adolescência fui escotista, “Aquelá de lobinhos”, em Grupos Escoteiros: “Canopus, Cruzeiro do Sul e Vieira de Moraes”. Preparava as crianças, meninos lobinhos, para serem escoteiros. Devo também aos ensinamentos de Baden Power, a formação de minha personalidade e caráter. “Amor ao próximo, aos mais velhos, à natureza, aos animais, à cidadania e à Pátria.

Com 14 anos, meu tio Donaldo Eugenio, irmão de meu pai Durval, tinha uma grande lavanderia industrial no centro de São Paulo.” Galeria Paulista de Lavanderias”. Para ganhar tempo com a entrega das roupas lavadas e passadas aos clientes, ele importou uma máquina de fazer cabides de arame, por que os cabides de madeira eram bem mais caros. Após inúmeras tentativas em arrumar um funcionário dedicado a esta função, desistiu e abandonou a tal máquina ao fundo da empresa.

Em uma visita ao meu tio, nesta lavanderia, curiosamente observei a máquina, e fui falar com ele se eu poderia tentar colocá-la em funcionamento. Após ele rir muito de mim, me questionar bastante, foi então feita uma negociação entre eu, meu pai e meu tio, de compra deste maquinário, mas eu seria a responsável uma vez que meu pai era funcionário público, sempre em viagem pelo interior do Estado de São Paulo, sem poder ter outra função em seu nome, paralelo ao funcionalismo público. Com muita luta, cheguei a um denominador comum e consegui ser com 14 anos, uma industrial, fabricando, vendendo e administrando a produção dos cabides para venda em várias lavanderias da cidade.

A fábrica funcionava quase toda manualmente, com uma trefiladeira que cortava os rolos de arames em espaguetes, depois, manualmente eram levados para a máquina de fazer os cabides, esta sim, funcionava em forma de espelho, soltando 38 cabides por minuto. Colocados depois em gancheiras eles eram mergulhados em tanque com produto químico para serem terra-metalizados e zincados. Eram então amarrados de 100 em 100 e vendidos por milheiro.

Assim passei minha juventude, com um diferencial de qualquer jovem daquela época! Sempre trabalhando de dia, estudando a noite, sempre às voltas com químicos para acertar o banho dos tanques, acrescentando ou diminuindo os anoldos de zinco.

Paulo Sérgio – A Fera dos Olhos Mansos / Autores: Moacir Franco e Albeto Luiz (LP- 7) 1973- Beverly